domingo, 2 de junho de 2013

Bolo com bourbon e pão com gorgonzola, para uma tarde no sítio

 
 

A minha família nunca sai de casa com as mãos abanando; sempre parecemos ciganos de mudança, com comida, cama, sacolas e mochilas. Primeiro as tralhas do cão: ração, biscoitos, fruta, cama e coleira. Para nós, um pouco de chá, milho para pipoca, ingredientes para um bolinho básico e um naco de gorgonzola. Antes de pegar a estrada, passamos na Basilicata para comprar dois pães italianos.

Quando chegamos no sítio meu avô tomava seu uisquinho ao lado da Bell, como de costume, sentado à mesa de jantar e quebrando a cabeça para resolver o problema de uma instalação elétrica maluca que ele está bolando.  Arrumei um cantinho para a velhinha descansar e comecei a preparar o bolo; ainda queria curtir o fim de tarde lá fora.


 
 

3 copos* de farinha de trigo integral, 1 copo de açúcar demerara, 1 copo de açúcar mascavo, 1 copo de óleo, 1 copo de leite de coco+suco (de uma laranja), 3 ovos, 1 colher de sopa de fermento, uma colher de sopa de óleo de coco, canela, casca da laranja picada finamente e um punhado de castanhas do Pará em lâminas, cortadas com a faca. Depois de assado, salpiquei cacau em pó e mais um toque de canela, então me lembrei que o coitado havia ficado sóbrio, e dá-lhe whiskey, umas 4 colheres de sopa. Modo de preparo mais detalhado aqui.

* copo de 200ml, ou um potinho de iogurte.

Temperamental, o forno elétrico é sempre mais forte do que se imagina, então fico vigilante, e quando percebo que o bolo começa a ficar perfumado antes do que deveria, abaixo mais um pouco a temperatura e cubro-o com uma folha de alumínio. Quando se cozinha fora de casa, essas malandragens são bem vindas! A velha forma, com suas marcas de idade, mesmo muito bem untada me deu um pouco de trabalho na hora de desenformar; nada que o cacau não tenha disfarçado. O perfume invadia a casa, mas eu estava na sala com a Cherry, tomando chá e lendo jornal, esperando que ele esfriasse um pouco e que o Ebraim voltasse da oficina. Meu avô, entretanto, não pode esperar; estreou-o cortando uma gorda fatia e passou por mim meio de lado, disfarçando. Minutos depois, voltou à cozinha, e quando foi pegar a segunda fatia, achou por bem gritar "Sá, vocês estão enrolando muito, vou pegar uma fatia do seu bolo". Oitenta anos no lombo, mas perto de um bolo ainda age como criança; um espírito jovem, sem dúvida...
 
 

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