quarta-feira, 15 de maio de 2013

rösti para ele e curry de banana para mim



Abro a geladeira...  Tenho duas batatas, dois tomates, beterraba, limão, feijão cozido, três bananas e um potinho minúsculo com um restinho de curry, que posso usar como molho. Tiro as batatas e um naco de queijo para fazer uma rösti pra o Ebraim; depois penso no que farei para mim.



Coloquei água salgada para ferver e cozinhei as duas batatas até que ficassem macias, mas ainda firmes. Deixei que esfriassem um pouco, sobre a pia. Separei um naco da batata para o cão e outro para mim; quase uma batata e meia é mais do que o suficiente para fazer a rösti na minha frigideira pequena. Passo a batata pela parte mais grossa do ralador, corto finas fatias de queijo, tiro as folhas de dois raminhos de tomilho, separo um pouco de sal e azeite, pego a frigideira e começo a montagem. Um pouquinho de azeite no fundo e pouco menos de metade da batata; coloco-a com cuidado, sem amassá-la, pois não quero que vire um purê. Salpico um pouco de sal e de tomilho, cubro com as fatias de queijo (tentando deixar um espaço até a borda, para garantir que o queijo não escorra), um pouco mais tomilho, sal e o resto da batata, cobrindo bem todo o queijo, apertando de leve para que tudo se assente. Ligo o fogo no médio-baixo, coloco a panela sobre ele e derramo, na lateral da rosti, com um fiozinho de azeite, apenas até completar a sua circunferência. Deixo-a trabalhando e vou pensar no que fazer para mim.


Abro a geladeira e pego os tomate, o feijão cozido, o restinho de curry, o leite de coco e uma banana. Ainda não me acostumei a ver banana na geladeira, mas depois de alguns testes comecei a aplicar esse método, armazenando-as dentro de um saco, com um papel toalha, mas apenas em um momento específico: bananas maduras, mas ainda firmes. Se estiverem maduras e moles não perco o meu tempo; já tentei preservá-las e acabei com um purê de banana passada, o que é demais até para uma macaca como eu. 

Olho para os ingredientes dispostos sobre a pia, e eu que estava me achando muito bandida colocando manga verde no baião se dois do oriente, me vi juntando, sem a menor cerimônia, banana com tomate, batata e feijão, temperando tudo com sal, sementes moídas, leite de coco, ervas frescas e o restinho de curry, que até grão de bico tinha. Tenho certeza que não tentaria essa mistura se minha geladeira estivesse cheia e eu tivesse abobrinha italiana e pimentões à disposição. A necessidade me fez olhar tudo o q tinha só meu redor como possibilidade; minha idéia não estava mais setorizada; a banana ganhou um novo status. Há anos via receitas de salada com melancia, azeitonas e queijo de cabra, sobre uma bela camada de folhas verdes, regados por um perfumado azeite grego, mas só fui prepará-la quando me vi sem tomates, e foi uma grande surpresa.


Viro a rösti, para que doure do outro lado, e começo a fazer o meu curry maluco de banana. Aqueço uma frigideira pequena, coloco um fio de azeite e todos os ingredientes, menos o leite de coco; deixo que começem a fritar e mexo com cuidado, apenas sacudindo a frigideira pelo cabo, para que a banana não se desfaça. Provo, acerto o sal e acrescento mais um pouquinho de curry em pó. Desligo o fogo,  acrescento o leite de coco e um pouquinho de água; quando a rösti estiver quase pronta, bastará aquecer o curry. Vou colocar a mesa e aproveito para cortar o derradeiro tomate para o Ebraim.


Batata para o cão e bolo para nós.

Para entusiastas da cachaça, como nós, foi surpreendente descobrir que o bolo regado com a cachaça prata ficou muito mais interessante do que o regado com a ouro. Tínhamos certeza de que seria o contrário, já que o rum sempre foi o nosso ideal para se embebedar um bolo de banana, e a julgar pela semelhança de cor e sabor, advindas do envelhecimento em madeira, apostávamos na cachaça ouro, mas a irreverência da prata mostrou que também tem o seu lugar. 

Começo a repensar alguns conceitos e quero fazer mais testes com cachaça; não há porquê  se prender apenas a um ingrediente importado caro (os de R$30,00 são químicas que se denominam rum), quando se tem à disposição grande variedade de um produto nacional maravilhoso e com preço justo.


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